O círculo é uma forma perfeita, onde dois pontos se encontram formando um elo, uma corrente, uma união; todos podem ver e ser vistos, sem que ninguém esteja à frente ou atrás. No círculo não existe quem sabe mais e nem quem sabe menos… Todos têm sabedoria e experiência de vida únicas. O círculo simboliza o dar e receber contínuo em nossas vidas: enquanto estou dando com uma mão, estou recebendo com a outra. É por isso que, ao formarmos um círculo, devemos dar as mãos da seguinte forma: a palma da mão direita fica voltada para baixo e a da esquerda voltada para cima. A mão direita representa nossa força, nossa capacidade de ação no mundo, o fazer. E, quando nos sentimos fortes, podemos sempre estender nossa mão e ajudar o outro. A mão esquerda é a mão do coração representa o nosso lado frágil e, quando estamos fragilizados, é importante todo o apoio, palavra e mão amiga que recebamos.
Dar e receber.- Há pessoas que sabem dar, mas não sabem receber e vice-versa. outras que dão esperando receber algo em troca, outras ainda que recebem e nada dão. Há pessoas com medo de dar e lhes faltar, outras que estão sempre dando e, nunca lhes falta nada, parece que estão sempre em estado de abundância e gratidão. Onde será que está o ponto de equilíbrio entre dar e receber?
O ponto de equilíbrio é o amor incondicional. Quando nos ligamos pelo amor a outro ser , algo sutil e precioso pode acontecer. A energia flui e não tem mais importância o dar e o receber, pois eles passam a fazer parte de um só movimento: da entrega ao fluxo… Ligamo-nos à grande energia que rege o universo… Passamos a conhecer as circunstancias da vida, e a saber ouvir as próprias necessidades e as necessidades dos outros, sem contabilizar, sem cobrar… Passamos a entender profundamente cada momento e cada pessoa, como são. E aprendemos que dar é receber, receber é dar.
Finalizamos com uma estória adaptada de um conto de Hermano Hesse:
“José e Daniel foram dois renomados curandeiros que viveram em tempos bíblicos. Ambos eram muito eficazes, ainda que trabalhassem de maneiras e estilos diferentes. Ainda que contemporâneos, nunca tiveram um encontro e se consideravam mutuamente rivais. Foi assim durante anos, até que José, o mais jovem, adoeceu espiritualmente. Desesperado e sentindo-se incapaz de curar-se , partiu em peregrinação buscando a ajuda de Daniel. Durante seu percurso, descansando em um oásis durante a noite, iniciou uma conversa com outro viajante que, ao escutar o propósito de sua viagem, ofereceu-se como guia para ajudá-lo em sua busca por Daniel. Partiram juntos e, no meio de sua longa expedição, o homem mais velho revelou sua identidade. Ele era Daniel, a quem José procurava. Ato contínuo, passado o assombro de José, Daniel o conduziu até sua casa, convidando-o a permanecer ali. No princípio, diante do pedido de Daniel, José foi seu servente. Logo aprendiz e, finalmente, um colega de igual hierarquia. Assim viveram e trabalharam juntos muitos anos. Anos depois, velho e doente, Daniel pediu a José que escutasse uma confissão. Começou recordando seu encontro no oásis quando José, doente, viajou em busca de sua ajuda e como José havia considerado milagroso aquele encontro. Agora, enfrentando sua própria morte, Daniel quebrou o silêncio de tantos anos confessando que, para ele, também foi milagroso. Ele também, naquela época, havia caído em um sombrio desespero, sentindo-se vazio espiritualmente e incapaz de curar a si mesmo. Aquela noite do encontro, ele havia iniciado sua própria viagem em busca da ajuda do famoso curandeiro chamado José.”
NAMASTÊ