Yoga é Maestria nas Obras

Estamos apresentando neste número do "Ecos da Síntese" um dos quatro ensaios sobre Suddha Yoga, escritos e publicados por Sri Janardana, em fevereiro de 1941 na Revista nº 7 "The Suddha Dharma Mandalam".

Dos quatro ensaios já estudamos "O Pranayama" re-editado em português no "Ecos da Síntese" de marco/2005. Escolhemos para nossos atuais estudos o texto que trata dos meios de sutilização e purificação para aqueles que já elegeram o Caminho proposto pela Suddha Raja Yoga. Estes meios de sutilização (Samnyasa e Tyaga) são apresentados aqui de forma científica e inequívoca por Sri Janardana. Através de Samnyasa é possível conseguir a transmutação dos obstáculos que impedem ao homem sintonizar seu próprio centro, revitalizando ou manifestando os valores, ou propósitos inerentes a sua própria natureza humana (purushartas)

Devido à profundidade deste tema, que exige reflexão e intelecção minuciosa e dedicada, optamos por publicá-lo em três números distintos do "Ecos da Síntese: neste, continuaremos apresentando o conceito vedanta de Samnyasa e o conceito de Samnyasa no Bhagavad Gita.

Acreditamos que a divulgação e o estudo de Samnyasa e Tyaga estes dois conceitos básicos dos meios de sutilização traduzidos em preceitos no nosso funcionamento do dia a dia, é uma exortação a tornar cada vez mais passível de aplicabilidade em nossa existência, dos ensinamentos das escrituras reveladas.

Desta forma estaremos instrumentalizando aqueles que acreditam e elegeram a síntese como meio de apreender o real significado da sincronização perfeita entre Unidade e diversidade ou seja, a Unidade presente sempre na multiplicidade.

É opção pela coerência e pela veracidade em nossas obras que promovem o fortalecimento da construção da Civilização da Síntese, que está em vias de brotar (emergir) da crise pela qual a humanidade passa em nossa era e nesta conjunção histórica em nosso planeta.

OM TAT SAT

SAMNYASA E TYAGA

Tradução da Revista "The Suddha Dharma Vol.V nº 7

Dentre os diversos conceitos yoguicos que requerem minucioso estudo e análise em sua compreensão e aplicação, para que alguém possa seguir com êxito o magnífico caminho do Yoga Supremo e Único com constância e até o fim, estão Samnyasa e Tyaga. Seu estudo exige nossa estrita atenção e reflexão porque eles são os únicos poderosos e vitais agentes mediante os quais a elevação espiritual neste Yoga Supremo pode ser alcançada.

A expressão "Yoga Supremo" que empregamos nestes escritos significa naturalmente o mesmo que "Adhyatma-Yoga" ou Suddha Yoga" ou "Brahma Yoga" ou ainda "Raja Yoga"; e não há yoga mais elevado para recuperar restabelecer o conhecimento perdido e pelo qual o Yshwara1 toma corpo aqui entre nos, de tempos em tempos. Lembramos aos leitores que a "Raja Yoga" a qual nos referimos aqui nada tem em comum com a Ashtanga Yoga de Patanjali, que tem sido equivocadamente denominada de "Raja-Yoga". A finalidade da Adhyatma Yoga à qual aqui nos referimos, preconiza como ponto preliminar das aspirações, o contato direto com Ishwara Único, em um estado superior de consciência conhecido como quarto plano da consciência e denominado tecnicamente Turya, Avyaktam ou Yogam.2

O Yshwara Único é glorificado nas escrituras com os nomes de Paramatma, Vasudeva, Satchitanandarupa. Ele é a Única Origem de todas as emanações e de todos os processos cósmicos pois é Ele que sustem estes processos e emanações e tudo a Ele converge novamente (após seu ciclo).

Esta Unidade Sublime, cuja magnífica Plenitude e Riqueza nossa limitada visão mal é capaz de compreender pode ser buscada através de um empenho ou esforço progressivo: é possível viver em nossa existência atual esta "comunhão com a Unidade" mediante a sincera e verdadeira aplicação na prática dos procedimentos yóguicos ensinados no Raja Yoga. Nas palavras do próprio Yshwara Encarnado (O Senhor Krishna) a execução e a aplicação destas práticas em nossa vida é extremamente agradável (Susukham Kartum).

As duas influências que o ato de purificação e sutilização promovem para aqueles que estão na senda e que os levam a lograr o êxito almejado em seus empenhos são conceituados como Samnyasa e Tyaga3. Podemos compreender perfeitamente que estas influências possam ser também agradáveis se libertarmo-nos das idéias noções, significados e práticas grotescas que tem crescido em torno destes termos (Samnyasa e Tyaga) e se compreendermos sua importância à luz dos ensinamentos do Senhor.

Para alcançarmos o contato com a Divindade no quarto plano, que é de Plenitude, e não chegarmos meramente a contactar seus aspectos parciais nos outros planos mais inferiores de consciência, o primeiro princípio ou condicionante consiste em manter o corpo físico em perfeitas condições, não como um fim em si mesmo, porém como um meio, já que tão somente com o auxílio do corpo físico é possível alcançar a realização da aspiração que está por trás de tão elevada finalidade.

Nos ensinamentos Sagrados ou Shrutis este ato do cuidado com o corpo físico, corpo que contém em si os outros veículos4 mais sutis, é, este próprio "cuidar" considerado Yoga (Síntese).

Sri Janardana
fev/1941]

 

NOTAS DE RODAPÉ

1 - Ishwara – é o Princípio Divinal em sua condição de manifestação ativa. É o Ser Supremo que assume infinitas formas de manifesto em cada ser humano como Atma e em cada sistema planetário como seu regente. Ishwara é o resultado da vontade divina de manifestação da Alma Suprema do Universo (que é Tudo e Uno), na multiplicidade.A denominação "Ishwara" é também atribuída a NARAYANA como sendo a Yshwara do Planeta Terra.

2 - Turya, Avyaktam ou Yogam – o autor refere-se aqui quanto ao grau de consciência Brahmica, também chamado de estado Yóguico ou Turya. Os outros três estados são: Jagrat ou estado de vigília; Svapna ou estado de sono; Sushpti ou sono profundo. Este estado (Turya) acontece em um plano elevadíssimo denominado Plano Avyakta. É neste plano que funciona a parte mais sutil de nossos corpos, o Anandamaya Kosha, ou "corpo de glória". É neste quarto estado de consciência que despertamos a faculdade de "Dhriti" ou Faculdade da Síntese (apreensão profunda da unidade e da multiplicidade sincronizadas no Todo, em concomitância).

3 - Transcreveremos aqui trecho de palestra proferida pelo próprio Sri Janardana, no Chile em 15/05/1965 "Samnyasa e Tyaga é a Essência de um ato integral que nos conduz a nossa evolução. Samnyasa é a execução completa de cada ato, de maneira totalmente impessoal, e para o bem do mundo.
Tyaga é o desapego (ou desinteresse egoísta) pelo fruto resultado ou conseqüência da ação, com uma absoluta e irrestrita entrega de si mesmo a Deus.
Tanto uma execução incompleta (não conclusiva) como uma execução apegada (manchada por segundas intenções.

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