Tabagismo

O tabagismo é responsável anualmente por mais de 5 milhões de mortes em todo o mundo e, a exposição passiva a fumaça de tabaco por mais de 600.000 mortes. Se as tendências atuais de consumo de tabaco persistirem, em 2030 serão mais de 8 milhões de mortes em todo o mundo.1
Na década de 80, o Brasil apresentou aumento no consumo de cigarros mas, a partir de 1986, o Brasil começou a enfrentar essa epidemia e iniciou diversas ações que foram efetivas para a redução do número de fumantes. Uma delas foi o aumento dos preços dos cigarros e a exigência que os fabricantes passassem a exibir nos maços, imagens e frases de advertências sobre os malefícios causados por estes produtos.

Passado duas décadas o Brasil se tornou referência mundial para o controle do tabagismo tendo sido capaz de reduzir a mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares em quase 30% no período de 1996 a 2007. Esta redução é muito importante pois, as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por mais de 70% das mortes de todo o Brasil.2 Apesar desta vitória, ainda é preciso agir entre os grupos populacionais com baixos níveis de educação formal. Isso significa que pessoas com dificuldade de acesso a informação sobre os malefícios causados pelo consumo de derivados de tabaco tem maior chance de iniciação e consequentemente de se tornarem dependentes, bem como, maior dificuldade de acesso a métodos para parar de fumar. Então, ter acesso a informação é a chave para quem deseja parar de fumar.

A maioria dos fumantes tem dificuldade para parar de fumar porque a nicotina, presente nas folhas de tabaco, é uma DROGA que atua no sistema nervoso central oferecendo sensação de bem estar. O cigarro pode funcionar como ”amigo” nos momentos de estresse, solidão, trabalho e até mesmo de relaxamento. O organismo do fumante vai se tornando dependente, tanto do ponto de vista físico como psicológico, necessitando de doses diárias de nicotina.

Ao tomar a decisão de parar de fumar, o individuo deve saber que pode enfrentar dificuldades. A grande maioria dos fumantes param de fumar sem usar nenhum recurso. Mas, há aqueles que precisam de ajuda terapêutica que pode ser feita através da abordagem cognitivo comportamental ou mesmo ajuda de medicamentos, como adesivos de reposição de nicotina (colocados sobre a pele), gomas de mascar (com nicotina na composição) ou medicamentos que reduzem o desejo de parar de fumar (fissura).

 

O Instituto Nacional do Câncer preparou um guia para aqueles que querem parar de fumar. Conheça algumas DICAS:

 

1. O primeiro passo é decidir que quer parar. Pode-se optar em parar abruptamente, ou ir reduzindo o número de cigarros dia após dia, adiando a hora do próximo cigarro até não fumar mais nenhum. Lembre-se que não existe cigarro seguro. Portanto, trocar uma marca por outra não fará com que haja redução do dano causado pelo tabagismo. Cuidado com métodos milagrosos! Use métodos que tenham comprovação quanto a sua eficácia. Siga os seguintes passos:

  • Escolha uma data – faça dele uma ocasião especial;
  • Jogue fora cinzeiros e isqueiros;
  • Limpe bem o lugar onde se costumava fumar para reduzir o cheiro que fica impregnado nos móveis, cortinas, almofadas entre outros objetos;
  • Depois que tomou a decisão alguns novos hábitos devem ser adotados como evitar comportamentos que lembrem o ato de fumar como tomar café depois das refeições, sair para tomar uma cerveja ou outro comportamento que tornará a decisão mais vulnerável;
  • Lembre-se que depois que para de fumar o paladar vai melhorando e é comum que haja desejo de comer. Evitar o consumo de doces, balas ou outro alimento calórico.
  • Procure, sempre que possível, fazer caminhadas e aproveitar esse momento para melhorar outros aspectos da vida, como introduzir novos alimentos na dieta como frutas e legumes;

2. Ao parar de fumar o corpo recebe diversos benefícios:

  • Após 20 minutos a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal;
  • Após 2 hs não há mais nicotina circulando no sangue;
  • Após 8 hs. o nível de oxigênio do sangue se normaliza;
  • Entre 12 e 24 hs a respiração já apresenta melhora;
  • Após 2 dias, melhoram o olfato e o paladar;
  • Após 3 semanas, a respiração e a circulação sanguínea melhoram;
  • Após 1 ano o risco de morte por infarto reduz a metade;
  • Entre 5 e 10 anos o risco de morte por infarto se torna igual a de uma pessoa que nunca fumou.

3. Lidando com a vontade de fumar:

É importante saber que a nicotina é uma droga muito poderosa e, os primeiros dias sem cigarro poderão ser difíceis.

  • Poderão surgir sinais e sintomas como ansiedade, dificuldade de concentração, irritação, dores de cabeça, insônia e uma enorme vontade de acender um cigarro mas, saiba que esses sintomas passarão em no máximo duas semanas. Não desanime.
  • Nos momentos de estresse, procure se acalmar e lembre-se que haverão muitos momentos da vida em que nos sentiremos assim. Respire fundo, lave o rosto, escove os dentes, beba água gelada, procure fazer alguma coisa que detenha sua atenção como conversar com um amigo. Esses momentos difíceis se tornarão cada dia menos frequentes e você VENCERÁ.
  • Recompense seu esforço. Diariamente guarde o dinheiro que gastaria comprando cigarros e, no final do mês, poderá comprar algo de que gosta.
  • Alguns ex-fumantes acabam voltando a fumar por estarem se sentindo tão bem que acham que podem fumar “apenas um “cigarro ou dar “apenas uma tragada” mas, é assim que acontecem as recaídas. Portanto, não negligencie todo o esforço. Tome cuidado e tenha atenção para não ter recaídas.
  • Mas, caso tenha uma recaída não fique triste. Recaída não é sinônimo de fracasso. Comece tudo novamente e fique cada vez mais atento aos sinais que levaram a recaída. Dê a sim mesmo quantas chances forem necessárias até conseguir. O importante é se manter disposto a parar.

Notas:

WHO|Informe OMS sobre la epidemia mundial de tabaquismo, 2009. Disponível em http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9789243563916_spa.pdf
SCHMIDT, Maria Inês and DUNCAN, Bruce Bartholow. O enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis: um desafio para a sociedade brasileira. Epidemiol. Serv. Saúde, Dec. 2011, vol.20, no.4, p.421-423. ISSN 1679-4974.
O Manual do INCA está disponível no site www.inca.gov.br/tabagismo/folder/index.html.

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