Vivemos numa era em que os valores nortedores da nossa sociedade estão sendo progressivamente esquecidos, num tempo em que a aparência vale mais do que a essência e a competição impera nos relacionamentos. Vivemos num tempo em que a esperança parece cada vez mais rara e a contribuição da família e dos professores para a formação de valores na nova geração, tão carente de princípios como respeito, solidariedade, amor, idealismo está muito deficiente.
É imprescindível falar com nossas crianças sobre companheirismo, amizade, amor, religiosidade. Uma missão importante dos pais é levar os seus filhos a ter um relacionamento pessoal com Deus, que será a base sobre a qual ele construirá todo o seu sistema de valores, comportamento e ética. Os pais são as pessoas mais importantes no sentido de moldar a fé da criança.
Precisamos resgatar em nós adultos a criança que um dia já existiu. Segundo afirmação do pedagogo Daniel Chalita, o homem de hoje é “uma criança que com o passar dos anos – e de todas as exigências que vêm no seu encalço –, vai se tornando cada vez mais reclusa e esquecida dos valores nobres que dão a ela dignidade e fidelidade aos seus princípios mais básicos: ser feliz e fazer o outro feliz.” É dever dos pais e da escola incutir em nossas crianças e adolescentes lições e exemplos que contribuam à formação de seu caráter para que possam moldar seres humanos mais sábios, empreendedores e competentes. Seres que tragam em si prudência e sensatez, que despertem a capacidade de sentimento de amor ao próximo, de solidariedade e de respeito às diferenças. Que levem as crianças refletir sobre a importância do outro como peça fundamental no jogo social.
Um jogo que necessita das relações de troca, de amizade e de aprendizado que vêm da convivência pacífica entre todos – independentemente da origem ou da história de cada um .Seja em casa ou na escola, os pais e os professores tem o dever de orientar nossas crianças para a aceitação do outro, para a compreensão de que condutas preconceituosas só colaboram para a degradação das relações e da sociedade com um todo.Uma história de um autor anônimo, que ora transcrevemos, nos mostra o quanto é importante fazer acontecer à solidariedade, a ajuda mútua e o amor entre as pessoas.
A professora Teresa conta que no seu primeiro dia de aula parou em frente aos seus alunos da 5ª série primária e, como todos os demais professores, lhes disse que gostava de todos por igual. No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila estava sentado um garoto chamado Ricardo. Ela, aos poucos, notava que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal. Houve até momentos em que ela sentia um certo prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos. Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a cada professor que lesse com atenção a ficha escolar dos alunos, para tomar conhecimento das anotações. Ela deixou a ficha de Ricardo por último, mas quando leu foi uma grande surpresa...
Ficha do 1º Ano- “Ricardo é um menino brilhante e simpático. Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos, tem bons modos e é muito agradável estar perto dele.”
Ficha do 2º Ano - “Ricardo é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe que está com uma doença grave e desenganada pelos médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil.”
Ficha do 3º Ano - “A morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Ricardo. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se ninguém tomar providências para ajudá-lo.”
Ficha do 4º Ano - “Ricardo anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes dorme na sala de aula.”
Ela se deu conta do problema e ficou terrivelmente envergonhada... e ficou pior quando se lembrou dos lindos presentes de natal que ela recebera dos alunos, com papéis coloridos, exceto o de Ricardo, que estava embrulhado num papel de supermercado. Lembrou que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam ao ver que era uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade. Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Ricardo ficou um pouco mais de tempo na escola do que o de costume. Relembrou, ainda, que ele lhe disse: “a senhora está cheirosa como minha mãe!” E, naquele dia, depois que todos se foram, a professora chorou por longo tempo... em seguida, decidiu mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente a Ricardo. Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava, e quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava. Ao finalizar a ano letivo, Ricardo saiu como o melhor aluno da classe. Seis anos depois, recebeu uma carta de Ricardo contando que havia concluído o segundo grau e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera. As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo “Dr. Ricardo Stoddart”, seu antigo aluno, mais conhecido como Ricardo. Mas a história não terminou aqui...
Tempos depois, recebeu o convite de casamento e a notificação do falecimento do pai de Ricardo. Aceitou o convite de casamento e no dia estava usando a pulseira que ganhou de Ricardo anos antes e, também o perfume. Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Ricardo disse-lhe ao ouvido: ‘ Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que podia fazer a diferença’. E com os olhos banhados em lágrimas ela sussurrou ‘Engano seu! Depois que lhe conheci, aprendi a lecionar e a ouvir os apelos silenciosos que ecoam na alma do educando! Mais do que avaliar as provas e dar notas, o importante é ensinar com amor, mostrando que sempre ‘’É POSSÍVEL FAZER A DIFERENÇA’’ .
Afinal, o que realmente faz a diferença?
É o fazer acontecer a solidariedade, a compreensão, a ajuda mútua e o amor entre as pessoas ... O resto vem por acréscimo...
E é este o segredo do evangelho, tudo depende da pedagogia do amor.