No dia 28 de julho de 2010, um grande passo foi dado na direção de um mundo melhor, num grande sinal de desenvolvimento e evolução espiritual da humanidade. O parlamento da região da Catalunha decidiu banir, a partir de 2012, a prática polêmica das touradas naquela parte do território espanhol, uma tradição de mais de 600 anos. A decisão, por 68 votos a favor e 55 contra, além de nove abstenções, foi um exemplo de lucidez e racionalidade do povo catalão, repetindo o que já acontecera em 1991, nas ilhas Canárias, outra parte da Espanha, quando igualmente foi proibida a realização de tais eventos.
A tauromaquia, originária da Antiguidade e objeto de famosas pinturas de Goya, além de obras de Hemingway, é, na verdade, um combate sangrento onde o touro enfrenta, de maneira desigual, o seu algoz e geralmente, no final, morre atravessado por lanças. O animal é jogado numa enorme arena onde o público delira vendo o balé do toureiro diante de sua presa, geralmente morta de modo violento, cruel e sanguinário.
Essa lei contra as Touradas é muito bem vinda, numa hora em que a humanidade precisa dar provas de que está se preparando para viver em harmonia com todos os seres, inclusive os bichos. Ver que conseguimos tecnologia, mas não conseguimos evoluir suficientemente para enxergar que fazemos parte de um mesmo corpo universal - o corpo de Deus.
Ainda somos terríveis predadores que comemos quase todas outras espécies ao nosso redor sem muita justificativa. Fazemos parte de uma sociedade hipócrita que não sente culpa em causar esse sofrimento enorme aos animais, simplesmente porque não sangramos com nossas próprias mãos esses seres, em nome da gula e do prazer!
Ora, não há nada mais cruel e covarde do que nossa prática cotidiana de comer carne sem termos que individualmente matar o animal. Creio que fingimos que um pedaço de frango ou de vaca no prato da gente não fez parte de uma criatura viva. Não nos preocupamos com as condições nas quais estes animais são criados e abatidos.
Vivemos em uma sociedade onde impera o cinismo. A covardia contra os animais é o que todos cometemos diariamente nos restaurantes, nos supermercados e nos açougues, matando de mãos limpas como as de Pilatus. O problema não é só a crueldade da tourada, mas a crueldade do homem que cinicamente se alimenta de carne e não se admite como assassino de animais. E não venham dizer da humanidade dos frigoríficos daqui ou do mundo. A tourada é cruel e imoral . Será que um dia seremos capazes de encarar sem cinismo a realidade do consumo de carnes? Afora isso temos prazer em aprisionar, torturar, matar cruelmente por puro esporte, bichinhos dóceis e indefesos.
É muito triste ver que existem pessoas que defendem a idéia de que a proibição das touradas na Catalunha não se baseou apenas na defesa dos animas.O importante é que mais um passo foi dado para suprimir uma atividade que, para uns, é a mais forte tradição espanhola; para outros, um espetáculo; e para outros ainda, um esporte.
Tradições não são eternas, nem sagradas. Se o fossem, ainda estaríamos queimando feiticeiras e empalando gatos pretos ou sacrificando as viúvas, como se fazia na Índia, e os criados, como se fazia no Egito. Também pertencem à ordem das tradições e dos costumes mutilar a genitália feminina, em alguns países africanos, e judiar dos bois, como naquela farra de origem açoriana promovida todos os anos em Santa Catarina. Tradições e costumes bárbaros, incompatíveis com o que reconhecemos como mundo civilizado, ainda que nele se pratique a caça à raposa e se comam foie gras e carne de vitela.
A sociedade não aceita mais esse tipo de espetáculo mórbido à custa do sofrimento de animais. A tourada é um crime absurdo, em que um animal, armado apenas com seu instinto de defesa, é espicaçado covardemente por seu algoz até a completa exaustão e morte, para o delírio de uma platéia sedenta de sangue, a aplaudir tal barbárie. Chega de fazer da tortura a animais um entretenimento - o sofrimento inútil de um ser vivo para deleite de uma assistência sadomasoquista.Que, com o tempo, o exemplo catalão seja seguido por países que ainda valorizam essa atividade odiosa, muitas vezes tida como a representação da "supremacia" do toureiro sobre o touro. E que, olhando agora para o nosso próprio país e nossos "esportes" igualmente cruéis - como as rinhas de galo, os rodeios, as vaquejadas e as "farras do boi", entre outras aberrações praticadas - , se adotem providências para abolir estes costumes, em que animais são judiados muitas vezes à custa do próprio sangue!
A sociedade não aceita mais esse tipo de espetáculo mórbido à custa do sofrimento de animais. A tourada é um crime absurdo, em que um animal, armado apenas com seu instinto de defesa, é espicaçado covardemente por seu algoz até a completa exaustão e morte, para o delírio de uma platéia sedenta de sangue, a aplaudir tal barbárie.Chega de fazer da tortura a animais um entretenimento - o sofrimento inútil de um ser vivo para deleite de uma assistência sadomasoquista.
Que, com o tempo, o exemplo catalão seja seguido por países que ainda valorizam essa atividade odiosa, muitas vezes tida como a representação da "supremacia" do toureiro sobre o touro. E que, olhando agora para o nosso próprio país e nossos "esportes" igualmente cruéis - como as rinhas de galo, os rodeios, as vaquejadas e as "farras do boi", entre outras aberrações praticadas - , se adotem providências para abolir estes costumes, em que animais são judiados muitas vezes à custa do próprio sangue!