A primeira idéia que vem a mente quando se fala de meditação é alguém sentado de olhos fechados, pernas cruzadas, mãos apoiadas no joelho e respirando pausadamente. Esta é uma forma clássica de meditação, mas não a única. Existem várias formas de penetrarmos neste momento de introspecção que como já dito, leva-nos a uma percepção plena de nosso corpo e do meio ambiente apaziguando nossa mente.
Temos de ter claro que a ação não é a questão (a postura sentada, de olhos fechados, etc), mas sim, a qualidade desta ação, como dizia Mohan Chandra Rajneesh conhecido popularmente como Osho. “Para colher os frutos da meditação, não precisamos nos isolar, mas, incorporar a prática meditativa ao nosso cotidiano’’ é o ensino do médico Jou El Jia, presidente da Sociedade Brasileira de Meditação Médica. Esta é a natureza da meditação, estar atento a cada momento. Pode parecer simples, mas requer uma mudança de postura diante da vida, afinal, aprendemos que para resolver os problemas temos que pensar neles, e o resultado desta postura é que passamos horas do dia com a atenção dispersa em algo que já passou ou que irá ainda acontecer. Isso gera angustia pelo o que já passou e ansiedade pelo o que virá. Diz-nos Dalai Lama, “só existe um momento para ser vivido, o agora, pois o antes já passou e o que virá ainda não existe”. Meditar é exatamente isto, concentrar-se no presente de forma plena. Ao tomar um banho, por exemplo, fique atento ao que está fazendo, sentindo a água, a esponja pelo seu corpo. Ao lavar pratos, não se disperse, concentre-se na cor da esponja, na espuma, na forma dos pratos, no som da água. O tempo gasto no trânsito, por exemplo, pode ser aproveitado para meditar, diz Jou El Jia, “observe cada respiração e entoe um mantra. Isto trará um grande bem estar físico e emocional”.
Meditar certamente é apaziguar coração e mente, corpo e espírito, interligar-se com o Divino. Além do que, a Ciência já pesquisa a fundo os benefícios da meditação. O psicólogo Richard Davidson, da universidade de Wisconsin, em experimentação recente, comprovou de forma brilhante os efeitos da meditação, no que tange a reestruturação de nossa massa cinzenta. Embora as neurociências digam que as conexões neurais do cérebro estabeleçam-se na infância e assim se mantêm durante toda a vida, os testes de Davidson comprovaram que a estrutura de nossa massa cinzenta pode ser alterada através de treinamento em um processo que podemos chamar de plasticidade cerebral. Ou seja, Davidson queria provar que através de atividades puramente mentais poder-se-ia modificar o cérebro. A maior atividade do córtex frontal esquerdo produz mais serenidade e cria uma maior capacidade de superar emoções negativas, ou seja, uma possibilidade maior de felicidade. Davidson reuniu um grupo de monges budistas, com milhares de horas de meditação e descobriu que o córtex frontal esquerdo deles tinha uma atividade muito maior do que o grupo de pessoas que nunca havia feito meditação. Claro que choveram críticas dos cientistas dizendo que estes monges poderiam já ter propensão a este tipo de elaboração cerebral. Foi daí que Davidson reuniu um grupo de 150 trabalhadores de uma empresa e deu a eles treinamento durante alguns meses de meditação. De acordo com as medições do eletroencefalograma , a atividade do lobo frontal daqueles que participaram do treinamento deslocou-se da direita para a esquerda. Isto refletiu no seu bem estar constante no relato dos participantes como diminuição de medos e um estado de espírito mais positivo. Os que não tiveram treinamento não observou-se nenhuma alteração. Ou seja, meditar é fundamental para o bem estar da alma .Isto não é só dito pelos antigos monges, mas hoje também pela ciência. Segundo Lia Diskin, em entrevista à revista SuperInteressante em março de 2001, os benefícios da prática da meditação para a saúde, para a inteligência e para o equilíbrio psíquico são:"A meditação reduz a ansiedade, torna a respiração equilibrada e profunda e melhora a oxigenação e a freqüência cardíaca. Seu reflexo no sono é um repouso mais tranqüilo, sem interrupções. Além disso, atenua enxaquecas e resfriados, acelera a recuperação no pós-operatório e auxilia a digestão alimentar. No campo psíquico, a prática mantém a pessoa num relativo estado de equilíbrio, com uma lucidez que a impede de entrar em conflitos emocionais internos, principalmente de origem afetiva. Há, por parte de quem a pratica, muito mais clareza mental, objetividade, paciência, compreensão e justiça."
NAMASTÊ