A Nova Civilização do Terceiro Milênio está iminente e urge lançar-lhe os fundamentos conceptuais. Não mais guerra, mas paz; não mais antagonismos e egoísmos individuais e coletivos, destruidores de trabalho e de energias, mas colaboração; não mais ódios, mas amor. Cumpra cada um o seu dever e a necessidade de luta cairá por si. A inversão de vossas atuais leis biológicas e sociais é completa. Os sistemas das leis formais e exteriores já deram todo o seu rendimento. É necessário passar ao sistema das leis substanciais interiores, que não funcionam por coação e repressão a posteriori, mas por convicção e prevenção; que agem, não depois da ação, tarde demais no campo das conseqüências e dos fatos, mas antes, na raiz da ação, no campo das causas e das motivações.
Em vosso século a luta não é mais de corpos, mas de nervos e de inteligência. A luta também evolui e já atingiu formas mais espirituais. Os tempos são maduros, pelo desenvolvimento dos meios científicos e pelo desenvolvimento das inteligências. Profetas e pensadores foram obrigados, muitas vezes, a não dizer ou a velar a verdade diante da multidão, sempre pronta para adulterar tudo, para reduzir tudo aos termos da própria psicologia, impondo esta como norma coletiva. Mas hoje, o mundo, em sua racionalidade, impôs-se como dever o aceitar tudo o que se demonstra lógico e racional. Colocou-se na posição de quem pode e deve compreender.
A humanidade está na encruzilhada, e não há mais possibilidade de fugas: ou compreender, ou exterminar-se. Este não constitui um problema abstrato e teórico, mas social, individual e concreto; problema de vida ou de morte. A coisa simples e tremenda que o homem de hoje tem de fazer, na encruzilhada dos milênios, é colocar a alma nua diante de Deus e examinar a si mesmo com grande sinceridade e coragem.
A nossa meta deve ser a compreensão de uma lei mais alta, lei de amor e de colaboração, que a todos una num grande organismo, animado por nova consciência universal unitária. Realmente não se trata de mais uma nova sabedoria, pois repito a Boa Nova, que já foi ditada há milênios aos homens de boa vontade; torno a repeti-la toda, idêntica na substância, todavia mais ampliada, no mais vasto gesto de vossa mente mais amadurecida, para que finalmente vos agite, inflame-vos e vos salve. Eis nossa meta: a palavra eterna, o alimento que sacia, a solução de todos os problemas, a síntese máxima. O Evangelho não é um absurdo psicológico, social, científico. Não é negação, mas afirmação de humanidade mais elevada, no nível divino.
Do livro "A Grande Síntese", Pietro Ubaldi, cap 42