Toda religião na face do globo tem profetizado a vinda de um Mestre do mundo, e nada de novo dizemos ao afirmar que há um Mestre do mundo e que Ele está para aparecer outra vez. O Islã espera um Mahdi; os cristãos esperam um segundo Cristo e os Judeus esperam a chegada do Messias. Todos eles acreditam num Advento, e há atualmente muitas Missões Adventistas que estão proclamando o evento. Daí é inegável o fato de que todas as religiões puseram sua esperança na vinda prometida.
A ansiedade intensificou-se atualmente, por causa das profundas penas e angústias vividas no mundo de hoje. Os segmentos da humanidade em todos os aspectos: social, político, temporal e espiritual, desenvolvem-se em condições de completa instabilidade, e o povo não encontra uma via satisfatória para sair do caos. A presença de algum elevado personagem espiritual é absolutamente necessária para restaurar a ordem e a paz na humanidade sofredora.
O Senhor Krishna, em seu diálogo com Arjuna no grande campo de batalha, enquanto explicava-lhe o curso da evolução deste Globo, declarava qual é a reta e adequada conduta (Suddha Dharma) que deve ser seguida por um aspirante em sua avançada senda. Ali, o Senhor declarou, expressamente, que se apresentam ocasiões em que as pessoas, em seu equivocado zelo por apegar-se à letra exata dos princípios do Dharma, esquecem os princípios por cingir-se às formas, ou, sendo arrastadas pelo impulso de satisfazer necessidades e desejos imediatos, perdem o sentido da justa harmonia e discernimento, e começam a atribuir mais importância àquele aspecto do Dharma que é meramente material e de aplicação não-universal, conhecido como Asuddha. Assim os princípios da verdadeira (Suddha) religião são perdidos de vista. Em ocasiões como essas, diz o Senhor que quando míngua a verdadeira religião e prevalecem a ignorância e o sectarismo, Ele, em Sua Divina Sabedoria, lança almas adiantadas para o devido restabelecimento do Maha Dharma. Essas adiantadas almas aparecem, uma a uma, ou em grupo, segundo o requeiram as circunstâncias. Elas proclamam e ensinam ao mundo os verdadeiros princípios que os homens tenham perdido de vista. Em certas ocasiões, quando as coisas chegam ao cúmulo, como no período de mudança de ciclo, o Senhor mesmo aparece no mundo para proteção dos que ainda aderem ao verdadeiro Dharma (Suddha Dharma) e para a remoção dos obstáculos na senda de seu bem-estar. Então Ele estabelece a religião particular para aquela Era, antes de retirar-se de nosso meio.
A aparição do Senhor, como também a dos grandes seres, é conhecida como Avatar, que literalmente significa “A Descida”. Existem várias maneiras pelas quais o Senhor manifesta-se, e elas dependem da emergência da ocasião. Numa forma de Avatar conhecida com o nome de Avesha, o Senhor influencia a pessoa de algum ser, utilizando-a como seu veículo. Ele preenche essa pessoa com Sua manifestação até que se cumpra o propósito. Logo após, a manifestação desaparece. A segunda forma de manifestar-se o Senhor é entrando na pessoa de algum ser adiantado, usando-a como Seu veículo e trabalhando por meio dela. Tal manifestação é conhecida como Anupravesa, e dura o tempo de vida do veículo usado. Tais foram os grandes mestres de religiões de todos os países. Uma terceira forma de manifestação é conhecida como Amsavatar. Nesse caso um fragmento do próprio Senhor (7/100) tem nascimento num corpo físico. Outra forma de manifestação é conhecida como Khandavatar ou a manifestação de uma porção do Senhor, melhor expressa pela fração 1/4. Tais foram Lakshmana, Bharata e Satrugnna, personagens que figuram no Ramayana. Por último, a manifestação máxima do Senhor é conhecida com o nome de Mahavatar. Sucede quando a metade do total de Hamsas do Senhor toma forma e aparece entre os homens. Sri Rama e Sri Krishna foram exemplo de tais Mahavatares. Mesmo o Senhor Sri Krishna, que era em si mesmo um Mahavatar, foi inspirado momentaneamente por um Avesa do Supremo Senhor para expressar sua mensagem no campo de batalha.
É determinado pela necessidade dos tempos, qual deva ser o Avatar, pois com o presente estado do mundo, tornam-se inúteis todos os esforços de melhoramento, vindo do interior, por isso o Senhor manifestou-Se a Si mesmo no mundo como Bhagavan Mitra Deva, encarnando um Hamsa de Bhagavan Narayana. É do conhecimento dos mais adiantados membros da Organização Suddha Dharma Mandalam que Bhagavan Mitra Deva existe entre nós na atualidade e que nasceu em 1919. O fato do Seu nascimento foi devidamente notificado aos vários membros por uma comunicação especial em tempo oportuno, de maneira que eles puderam celebrar seu nascimento junto com a observância do Vaisakh Purnima (Plenilúnio de Vaisakh) daquele ano. É costume entre os membros deste Mandalam considerar o Plenilúnio de Vaisakh como uma ocasião propícia para rogar e tributar culto ao Senhor Narayana, a toda a Hierarquia, e invocar sua ajuda e suas bênçãos em prol do bem-estar do mundo. Preces especiais foram introduzidas na observância desse dia, em 1919, a fim de invocar também as bênçãos de Bhagavan Mitra Deva, e isso foi fixado como parte do programa de cada ano subseqüente.
Bhagavan Narayana, havendo assim disposto um fragmento de si mesmo, revestido da Devi Prakriti de Rinkhana (um dos 32 Siddhas que formam a Hierarquia encarregada do governo do mundo), encarnou-se recentemente com o propósito de proteger o mundo e promulgar os dogmas do verdadeiro Dharma (Suddha Dharma). Conhecido com o nome de Mitra Deva, nascido em 16 de Janeiro de 1919, numa aldeia do país Maharastra; o divino menino e sua mãe (que perdeu o marido poucos dias depois do nascimento) estão sob o paternal cuidado dos adiantados Irmãos Maiores da Organização. No Plenilúnio de Vaisakh de 1919, ano em que nasceu o menino divino, os membros do Mandalam celebraram o acontecimento com preces especiais. Foi um dia de regozijo universal. Deu-se alimentos aos pobres em grande número, e as casas dos sócios foram iluminadas ao escurecer. Quem quer que tenha sido informado do Evento, sentiu tirar-se um peso de sua mente, porque estava à vista o dia da Real Paz e Felicidade. Dentro do curto período de quatro anos depois do seu nascimento, o Senhor submeteu-se à Vasudeva Diksha e à Sri Yoga Devi Diksha, as maiores das sete grandes iniciações. E no Plenilúnio de Vaisakh do ano de 1919, os Irmãos Maiores e outros adiantados membros do Mandalam iniciaram um Yagna1 que durou 40 dias. O Yagna foi oferecido, principalmente, para o êxito da missão de Mitra Deva, assim como para a remoção de todo obstáculo da senda de progresso e difusão da Suddha Dharma.
Somente os membros muito adiantados do Mandalam estão de posse dos detalhes da natureza da Missão de Bhagavan Mitra Deva. Eles facilitam para que as coisas no mundo exterior disponham-se para o desenvolvimento do programa ou missão2 de Mitra Deva. Como resultado das deliberações havidas nas assembléias dos Irmãos Maiores, ou para a celebração do Yagna, foi fundada uma nova Associação, denominada “Mitra Brinda”. Todos os membros do Mandalam estão habilitados a serem membros da Associação. Ela consiste em uma corporação de trabalhadores pela causa, dentre os quais o Mestre do Mundo haja por bem escolher seus homens. Os Irmãos Maiores, todavia, não anunciaram ao mundo exterior o campo do seu trabalho. O que no momento é requisito para cada membro dessa Associação é a firme crença em Sri Mitra Deva. O membro tem de orar pelo pleno êxito da Missão e para isso são-lhe ensinadas certas sílabas místicas (Bijakcharas), das quais ele pode fazer uso diariamente nas meditações prescritas para ele. Deve usar sempre no próprio corpo um Yantra, no qual vão escritas certas sílabas místicas. Esse talismã há de ser preferencialmente de ouro, a menos que alguém seja demasiado pobre para esse gasto, e, em tal caso, que seja de prata. O uso constante desse talismã leva-o a recordar sempre do Advento e da boa vontade do seu portador para servir à Causa.
Também nos asseguram os Irmãos Maiores que ele não só funciona como um campo energético para afastar todos os males, como também, ao mesmo tempo, conduz ao bem-estar espiritual e material de quem o usa. Com respeito a outros trabalhos que os membros da Associação hajam de empreender, com o fim de preparar a humanidade para que conheça a Missão do Mestre do Mundo, ser-lhe-ão dados quando se apresente a ocasião. Ocupa-se cada sócio segundo sua capacidade para o trabalho, e a intensidade com que tenha de desenvolver o trabalho que lhe seja designado.
Encarnado, como foi, quando as coisas do mundo alcançaram uma penosa crise, qualquer que seja a Missão de Mitra Deva, está ligada à restauração da ordem e da paz no mundo angustiado, e a mais fervorosa prece dos membros do Mandalam é que esta encarnação do Protetor da Suddha Dharma cumule-se de prosperidade, e sua missão obtenha o mais completo e feliz êxito.
On Namo Narayanaya
Om Namo Namah
Namastê Om
Sri R. Krishnaswami Row
Sri R. Krishnaswami Row
Sri R. Krishnaswami Row foi eminente Vakil da Alta Corte em Madras (Índia), na segunda década do século passado. Foi membro interno da nossa Augusta Ordem e publicou em 1923, esse texto sobre Mitra Deva (o “Amigo Divino”), no livro “Suddha Dharma Mandalam”, de Swami Arulambalam.
Notas
- Yagna: ritual ou atos dedicados a Brahm, literalmente traduzidos apenas como “sacrifício”. Todavia o significado de Yagna é bem mais amplo. É a oferenda feita com invocações e pode ser um ato físico, verbal ou mental. Pode ser empregado com o significado de sacrifício personificado.
- Nota do tradutor para o português: Sendo este artigo escrito em 1923, acrescentamos que nessa data, primeira década do 2º milênio, várias alterações já foram implantadas na Terra, entre todos os povos e estão emergindo novos paradigmas-base para a transmutação trazida por Mitra Deva.