Sri Bhagavan Mitra Deva - O Siddhavatara

Sri Bhagavan Mitra Deva, o Avatar nascido no ano de 1919, no dia do Pushya Suddha Pournima, nas imediações de Poona, em uma família Kshatriya de Maharashtra, e cuja abençoada missão ainda é esperada, pertence à classe de Avatares conhecida como Siddhavataras de Bhagavan Sri Narayana, o Ishwara desse planeta. Sri Narayana é o Regente ou Condutor da marcha evolutiva atual e exerce diretamente as funções de seu elevado posto, em Badari, nos Himalaias. O termo Siddhavatara1 subentende diversas categorias de avatares bastante distintas entre si.

O real significado do termo não é de conhecimento popular. Não possuímos nenhuma informação detalhada concernente aos Avatares, em toda a extensa literatura em nosso poder, exceto algumas menções gerais. Por esta razão duas questões altamente elevadas são colocadas:

a) Quantas classes de Avatares existem?

b) O que é um Siddhavatara?2

Uma resposta a ambas as questões, ipso facto, envolve também o exame de um terceiro ponto: o alicerce, o estabelecimento e até mesmo a razão de ser da genuína Doutrina do Avatar ou Encarnação (Divina) tem se constituído em uma fortaleza vital para a humanidade, em suas provações e tribulações durante épocas de reconstrução ou soerguimento, muito similar à situação planetária mundial que nós vivemos neste momento, pois a Doutrina do Avatar fala da devotada proteção que temos recebido ao longo dos tempos. Estudaremos a verdade a respeito destas questões através de um recorte restrito sobre esse assunto, porém em sua ordem inversa.

É bastante conhecido que a Doutrina do Avatar tem sido encorajada e sustentada nos supremos Ensinamentos do Gita em grande medida. No enfoque de outras abordagens, tais referências não estão tão disponibilizadas quanto no Gita. Um capítulo inteiro do Gita, o Avatara Dharma, elabora detalhes sobre a verdade deste mistério divino. O Avatara Dharma é classificado como o capítulo que trata de um dos elementos da trilogia (criação, preservação e renovação ou desintegração) do que é enfaticamente conhecido como Bhagavad Dharma3 e por quem a totalidade do Cosmos é sustentada. Os outros dois capítulos são:

1. Nara-Narayana Dharma

2. Adhikara Dharma, que trata sobre o molde ou padrão de intercâmbio entre a Cosmogênese e as Leis referentes ao Cosmos; e finalmente sobre o controle Hierárquico deste dito Cósmico, com seus diversos Processos Mundiais.

No Gita, um capítulo referente a cada um destes dois Dharmas4 precede e sucede o capítulo sobre o Avatara Dharma. Devemos reconhecer nisso o entendimento de que Bhagavan Sri Narayana, o Senhor de Evolução, em seu magnífico advento como Sri Krishna, não apenas externou em seu discurso o processo desta plêiade de Avatares, mas também a variedade de tipos de Avatares conforme as necessidades diversificadas de tempos em tempos. E isso se tornou possível através dos ensinamentos dos Suddhacharias dotados com visão yóguica. Dizemos que a categoria específica Siddhavatar está subentendida ou implícita no muito citado sloka “yada, yada hi dharmasya glanir Bhavati Bhasrat etc etc etc.”

Hamsa Yogui citou outro sloka o que esclarece plenamente as especificidades do caráter desse tipo de Siddhavatara, como também do Avatara do tipo Rishi e de um terceiro tipo de Avatar: o Yogeshwara. O sloka é: “Gnanam chanuyugam bhroole Harih Siddha Swaroopadhrutu, Rishi Roopadhro Karma,Yogam Yogeshwara roopadhrutu” e significa que Hari Bhagavan (Narayana) expõe em cada Era (ou Yuga):

• O conhecimento (gnana) tomando a forma de um Siddha;

• As normas de ação (ou Karma) tomando a forma de um Rishi;

• A síntese (Yoga) tomando a forma de Yogeshwara.

O gênero Siddhavatara5 mencionado é ilustrado por Muni Kapila – siddhanam Kapila Munih. O grande guerreiro Sri Rama (Rama Sastrach ruthamahon) representa o tipo Rishi que simboliza os métodos para a ação (ética). A propósito, podemos afirmar quanto a isto que o sloka do Gita “Ahamadirhidevanam. Maharshinam cha sarvasah” é mencionado para inferir sobre as categorias Rishi e Deva de Avatares. E, finalmente, o Yogeshwara Krishna, explanado no Yoga, encarnou, segundo o Gita, como a Totalidade.

Conforme foi mencionado acima temos três tipos de Avatares: Sri Bhagavan Mitra Deva, o Avatar de nossa Era, pertence ao primeiro tipo, ao qual Muni Kapila pertenceu. A Kapila foi incorretamente conferida a autoria do Nireeshwara Sankhyam, texto conhecido popularmente como Filosofia Sankhya (um dos seis Dharsanas); não obstante ele foi de fato o autor do Seswara Sankhyam, tornando-se Avatar de Bhagavan Narayana. Deve também ser mencionado aqui, que as classes de Avatares, de uma forma mais geral, estão também agrupadas em cinco tipos de veículos:6

1. Mahavatara

2. Khandavatara

3. Amsa Avatara

4. Aveshavatara

5. Annpraveshavatara

Há várias outras subdivisões ainda, sobre as quais nós aprenderemos a partir da literatura Suddha. Voltando novamente a falar sobre a Doutrina do Avatar, vamos investigar ou delinear a obra dos Avatares, entendendo Avatar como sendo uma manifestação com o significado preciso do termo: Ser descendente ou linhagem em descida. Como geralmente esse termo é usado em reverente associação com personificações da mais elevada ordem da eminência espiritual, aparece um questionamento sobre esta dicotomia: como um ser humano, nascido com todas as fraquezas das paixões e com todas as debilidades inerentes à sua humanidade, poderia, através do emprego de exercícios ou práticas, ao mesmo tempo (ainda como humanos) ascender a esta divina graduação (rank) de Avatar? Seja como for, sua grandiosidade poderia ser considerada pelo fato de estar solidário com os demais seres humanos no alinhamento espiritual.

O Gita é categoricamente explícito ao afirmar que a atuação dos Avatares é monopólio divino, peculiar unicamente para o Ishwara. Os Homens geralmente não conseguem entender isto – “Avajananthi mam moodah manusheem tanu maasritam, param bhavama jananto mama bhoota maheshwaram”. Em conseqüência dessa reflexão, conclui-se que nenhum ser humano poderá jamais transmutar a si mesmo em um Avatar. Ultimamente esta tendência para cunhar personalidades perfeitas está se tornando uma espécie de vício entre nós. A perspectiva de um ser humano arrojar-se em um processo de transformação para tornar-se um Avatar parece estar ficando difundido para saciar, por assim dizer, a súplica da mentalidade das massas. A difusão de tal perspectiva não é nada além de uma exploração da boa-fé das pessoas. Sendo assim é necessário, da parte daqueles que desejam conhecer esse mistério, usar inteligência crítica para realmente entender as verdadeiras implicações dessa grande Doutrina (a Doutrina dos Avatares).

A base vital dessa Doutrina é, nas palavras do Senhor Krishna sambhavamy atmmayaya - “Eu me tornei nascido através do poder de minha Maya ou Shakti”. O Ishwara torna-se envolvido com uma forma e aparência no mundo da manifestação terrena ou planetária. Este “tornar-se envolvido” ou com uma forma para que todos o vissem com os olhos físicos pode ter sido através de um nascimento como nós concebemos, ou espontaneamente, como no caso de Narasimhavatar. Em ambas as formas o poder ou shakti com o qual o Ishwara toma Sua forma é Atma-Maya. O que é Atma-Maya? Dizemos que é um poder ou uma energia outorgada ou transmitida exclusivamente pelo Ishwara para tomar a forma do Avatar requerido para a ocasião, energia esta conhecida como Esha-Maya.

O Senhor classifica Maya, no Gita, em três tipos: Daivi, Esha e Gunamaye. (Daivihyeshagunamayee mama maya duratyaya)7. A Matéria Primordial ou Prakriti, que dá a forma necessária para o Ishwara é chamada de “Kalyani-Prakriti”. Ela é diferente das outras duas classes de Prakritis conhecidas como Daivi Prakriti e Swaroopa Prakriti. Swaroopa Prakriti é uma composição da Matéria Primordial, ou seja, uma composição organizada de moléculas, com as quais o corpo humano é construído e onde Gunnamyi Shakti (Satwa, Rajas e Tamas) é dominante na consciência dos Jivas que estão sob este controle (das gunas)8 para superar ou sobrepujar a escravidão que é objeto de todo esforço ou diligência espiritual.

A superação ou conquista da escravidão de Gunnamayee-Shakti é possível unicamente através de completa rendição ao Ishwara, pois Ele está sempre associado com a Daivi Prakriti e reside nela (Mahatmanash mam Partha, Dalveem Prakriti masritah). O Ishwara, que reside na Daivi Prakriti é por sua própria natureza “Aja”, isto é, transcendente das limitações de tempo e espaço; Avyayatama, transcendente das influências das trigunas, e também é o Senhor de todas as condições manifestas e imanifestas.

Para conceber realmente a verdade sobre isto, o aspirante deve exercer a transmutação das partículas de seu próprio corpo material, ajustando-a em direção à Daivi Prakriti, numa postura de aperfeiçoar ao concluir o estado de Nistrigunya, que é a ultrapassagem (ou transcendência) sobre a força e domínio das trigunas por si próprio, até que o esperado contato direto com o sempre imanifestado Ishwara é tornado possível. Esse contato é positivamente uma árdua transição que somente torna-se possível através da Graça do Senhor. Aqueles que são assim afortunados tornam-se canais de inspiração divina e sua natureza é de constituição divina; por toda a parte eles ensinam e também demonstram na prática, por seus atos, que têm grande mérito, uma vez que ajudam a acelerar a evolução espiritual dos povos em conformidade com os propósitos divinos.

Mas poderia nascer na mente de alguns a hipótese dessas personificações não serem Avatares. Não obstante a expressão manifesta de um Avatar ser uma prerrogativa suprema e exclusiva do Ishwara, ele é projetado (no planeta) para aqueles seres humanos que estão incapazes de reconhecer que o Imanifestado Ishwara e as Leis do Cosmos estão sempre presentes vibrando (por eles), quando estão oscilando impotentes sob a influência das sinuosas forças de Gunamayi. Através da intenção de grandes almas e como auxílio da Daivi Shakti9, estes seres acionam internamente suas potencialidades para mitigar os males causados através de Gunamayi10, uma vez que eles também estão naturalmente sujeitos à influência de Gunamayi. Apesar de serem favorecidos ou dotados com Daivi-Shakti, eles podem fracassar ao aperfeiçoar com êxito sua influência sobre os demais, pois só conseguem resultados por seu desempenho disciplinado (tapasya). A evolução espiritual individual é efetivada somente pelo poder da Shakti Suprema; conseqüentemente nosso esforço é reverenciar e cultuar este poder na função de Divina-Mãe. Porém, para o processo coletivo, o poder (ou Shakti) requerido é diferente: ele é Esha.11

Assegurar um completo e definitivo monitoramento sobre o prejuízo causado pela escravidão dos homens à Gunamayi, coletivamente, só é possível através do Ishwara, porém Sua forma manifestada na figura de uma Personalidade é mais efetiva do que Sua sutilizada influência imanifestada. Então Ele desce (à Terra) com o intento de dotar-se com uma estrutura-modelo ou forma matriz.O objetivo dessa “descida” é sobrepujar ou superar a força de Gunamayi, cuja natural função é tumultuar, pela ação do egoísmo e da separatividade, criando discórdias e transtornando a harmonia e o equilíbrio. Para acabar com isso, para suprimir isso, o método deverá ser de um tipo superior, isto é, efetivado pelo Ishwara reunindo partículas de Kalyani Prakriti12 e dotando-as ou envolvendo-as com Esha-Shakti. Sabe-se que partículas de Esha são mais poderosas13 que as de Gunamayi, devido à sua tênue sutileza (de Esha)14.
É dito que a questão relativa ao processo dos Avatares é feita por uma escolha dos senhores dos Sete Rekhas ou Raios15, por ocasião da emissão de decretos. Este é o modo como o termo Swam-Prakriti é entendido no Bhagavad Gita referente ao grandioso ato da dispensação de Avatares pelo Senhor. O processo do mundo é subjetivo frente às forças prakríticas de natureza dual Daiva e Asura16 (dvow bootha sargo loke smin diva asvra evacha) em outras palavras, o processo do mundo está submetido a ação e reação, ou seja, a causa e sua classe de conseqüências. A Daiva-Bhava trabalha para a libertação e o progresso da evolução humana, enquanto que Asura-Bhava retarda esta evolução e cria dependência e escravidão.

Enquanto as causas e conseqüências ainda estão se auto-ajustando e há um aparente equilíbrio entre as oposições não-visíveis ao homem, o termo Avatar lembra somente uma doutrina. Mas quando as forças asúricas assumem no planeta o domínio momentâneo, o próprio ato de seu domínio ajuda a criar um poder mais potente do que o seu próprio poder (das forças asúricas) que resulta em uma inspeção superior das forças de luz17 e uma revolução panorâmica na seqüência da evolução humana.

Este poder acima citado é a reserva de Esha Shakti ou Avatara Shakti, com o qual Ishwara converge sua energia e se faz surgir publicamente, em uma forma proveniente de Seu estado mais imanente que é o estado de Causa de Tudo, para reagir às conseqüências criadas pela oposição das forças asúricas. Quando este extraordinário evento acontece, nós recebemos entre nós o modelo ou estrutura do Avatar, ou seja, de uma Forma-Avatar, se necessário, em um corpo humano. Para este advento, os Yogues, que já estão em comunhão perpétua com o Ishwara, são capazes de percebê-lo com uma matemática precisão e preparam a si mesmos para receber o Senhor na configuração humana.

Exatamente isto foi o que aconteceu no caso do nascimento do presente Avatar, que é Mitra Deva. As circunstâncias que envolveram seu advento estão publicadas no panfleto nº 3 do Suddha Dharma Mandalam. Tendo em vista que o termo Avatar significa “ser descenso”, há de fato uma “não descida” porque o Ishwara já é eternamente presente aqui, agora e sempre. O advento da forma ou padrão avatárico é algo como o acúmulo de vapores no céu para dentro de uma nuvem.

Mas, no entanto, o Ishwara toma uma forma manifestada. Ele “desce” vindo de uma condição não-manifesta e é percebido provindo de um estado sutil para um estado denso, pesado. Por causa dessa aparência “densa” do Senhor materializado, sua composição fica obscura para nós.

O Ishwara ou Paratma18, o Nirguna (sem forma) Sat-Chit Ananda19, é ele mesmo expressado para ser um Avatar da categoria de Mahavatar do Supremo Brahm.

Parabrahm20 é o Definitivo, o Tudo, para além do alcance da limitada compreensão da nossa mente e intelecto (avana manasa gochara). O resultado concomitante do plano concebido pelo Supremo Brahm (deixa-me ser manifesto na multiplicidade ou bahusarvan prajavati) é o Ishwara.

A ideação ou plano concebido por Brahm traz como efeitos:

• A projeção do Cosmos21

• As Leis que governam o Cosmos22

• E juntamente, o Ishwara (aqui referido em sua manifestação individualizada em cada coração como Atma).

Essa manifestação individualizada do Atma é conhecida como aspecto Vyshti de Brahm, enquanto Samashti, é o “Ekamevadwitiyam Brahm” que significa o Incompreensível, o Primeiro e Único sem Segundo. Quando essa ideação começa a operar, o propósito da administração do Cosmos passa a requerer também uma quarta dimensão de expressão do Ishwara – “chaturdhaham vibhakatma charami” – expressão esta do Criador, Sustentador e Convergente ou Centralizador, por outro lado conhecido como Saguna Brahm, e é a quarta dimensão ou o estado imanente conhecido como Nirguna – sempre em Yoga (Yoga Maya Samavritah).

Este estado Nirguna de Brahm, o Ishwara, que toma a forma de manifestação do Avatar nos mundos para a salvação e bem-estar da humanidade pela divina misericórdia do Senhor, transcende sua própria forma em uma quinta dimensão conhecida como Purusha (Panchama Purusha Vedah). Sendo assim, em seu aspecto de Ishwara, o Paramatma é a Representação de Brahm. A verdade de seu grande significado é maravilhosamente revelada pelo Senhor Krishna, quando ele faz a famosa declaração, jamais feita por nenhum outro antes ou depois: “Bhahmano hi pratistihtaham” – “Supremo Brahm que origina a multiplicidade”.

Ao afirmar “Eu Sou a Representação do Brahm Cósmico”, Sri Krishna afirma ser ele mesmo, unicamente o Avatar do Senhor Bhagavan Narayana de Badari, coberto com a consciência Paramátmica na hora da descida. No Gita até o momento ele ocupa o lugar de Paramatmico Avesha23. Eis porque a Mensagem do Gita é grandiosa para a humanidade atualmente. Bhagavan Narayana de Badari é o Ishwara deste planeta e o governa da mesma forma que o Paramatma governa todo o “Cosmos” como o Ishwara de todas as condicionalidades ou circunstâncias que jamais existiram. E é por isso que um Bhagavan Narayana é aquele que faz a si mesmo como um raio avatárico de Brahm existindo, portanto, milhares de “Narayanas” como ele, um para cada um dos diversos mundos ou planetas para a supremacia do Paramatma.

O seu governo é tão preciso e maravilhosamente exato que se torna difícil entender todas as suas implicações sem o auxilio da verdadeira Yoga (ou visão da Síntese). As leis ou regras de Bhagavan Narayana sobre nosso planeta são efetivadas através de uma Hierarquia Planetária constituída por ele mesmo com este propósito. Para facilitar esse processo ele inspira grandes almas e criaturas, Mahatmas entre outros; e, durante épocas de cataclismas, como foi a época da grande guerra no Mahabharata, Ele mesmo desce em forma humana, e naquela época ele veio na forma de Krishna.

O momento atual do mundo contemporâneo obviamente também requer um Avatar para restabelecer a justiça. Nós temos a sorte e a graça de conhecer que este Avatar de nossa Era já tomou lugar entre nós na forma de Mitra Deva. Ele possui sete centésimos do resplendor de Bhagavan Narayana, e é a Materialização Divina (Daivi Prakriti) que se mostra com a forma do Avatar suplicado pelo Siddha-Nayaka Rimkhana24, um dos 32 Siddhas que executam diretamente no planeta as determinações de Narayana.

O alcance e importância do Sidhavatar Mitra Deva parece ser, no momento presente do planeta Terra, mais do que um mero fato. O planeta está hoje transtornado com o impacto da deturpação do Conhecimento e do Saber, e a esta deturpação pode-se atribuir todas as misérias da humanidade. Não há dúvida que esta situação planetária requer um reordenamento.

Quando o conhecimento correto for transmitido aos humanos o mundo estará redirecionado ao grande ideal da Bhamaprapti. A transmissão deste conhecimento específico para este Kali-Yuga que é proporcionado pelo Suddha Dharma, é feito através de Iniciações que promovem nas pessoas o entendimento sobre o que o Senhor disse em relação ao Siddhavatara, como uma necessidade dos tempos (Eras). Tem havido grandes oposições à vinda d’Aquele que é parte do programa do reordenamento ou reprogramação planetária, mas brevemente saberemos como isto se dará quando o Senhor se manifestar entre nós.

Enquanto isso temos devota espera em expectativa cheia de amor e prece enquanto outros estão cheios de dúvidas quanto a essa possibilidade. Para os que duvidam nosso coração está cheio de compaixão. Não há alternativa: haverá benefício para todos independente, de suas atitudes e receptividade. Este é o segredo, este é o mistério do trabalho espiritual ou divinal neste mundo.

On Namo Narayanaya

Om Tat Sat

Namastê

Sri T. M. Janárdanam

Fevereiro de 1938

 

 

Sri T. M. Janárdanam

Nascido em 1892 na Índia, Dr. Sri T. M. Janárdanam destacou-se como ilustre médico homeopata e como advogado, em Mylapore (Índia). Literalmente, seu nome iniciático significa “adorado da humanidade”. Foi a terceira Autoridade Iniciática Externa do Suddha Dharma Mandalam, executando um grandioso trabalho de difusão dos princípios Suddhas. Organizou e publicou tratados sobre diversos temas sendo Instrutor de discípulos em várias partes do mundo. Foi assistente direto de Sri Vasudeva Row na tradução para o inglês do Bhagavad Gita, revelado pelos Mestres da Hierarquia à Sri Subramanya Iyer. Foi o primeiro Instrutor Indiano do Suddha Dharma Mandalam a vir às Américas e ao Brasil, em 1965, trazendo muitas bênçãos por onde passou. Faleceu em Madras (Índia) no dia 18 de setembro de 1966, deixando entre seus seguidores a certeza de dar continuidade a divulgação desses ensinamentos milenares a todos os seres.

 

Notas

Texto extraído da revista O Suddha Dharma, Vol. IV nº 2 - fevereiro de 1938. Essa revista era uma publicação mensal, devotada ao estudo da Yoga Bhahma Vidya ou Ciência Sintética do Absoluto e de vários tópicos afins da Filosofia Suddha. Foi editada na Índia, durante muito tempo, por Sry T.M. Janárdanam, entre 1934 a 1966. Neste mesmo número da referida Revista foi publicado um artigo de Swami Sivananda, outro artigo sobre o Desarmamento Mundial, parte da tradução de um trecho do original em sânscrito do Sanátana Dharma Deepika, Vol. II e tópicos do Sanátana Dharma Deepika Vol. III transcritos por R. Vasudeva Row.
O termo Siddha pode ser entendido no Ocidente como Arcanjo, e o termo Avatar, em linguagem ocidental, pode significar “descido”, ou Ser de Compaixão que “desce” do plano de glória para o plano denso, onde os humanos estão. Em geral esta descida, segundo a literatura do Suddha Dharma Mandalam, tem por meta ajudar a humanidade a passar por mais uma transição específica que a fará galgar um plano superior de consciência cósmica (de acordo com as necessidades daquela Era ou daquela transição planetária).
Nota do tradutor: Bhagavad Dharma ou Lei de Deus é o quarto patamar do Sanátana Dharma (Lei Eterna). No processo evolutivo a Lei Eterna atua em quatro patamares ou em quatro níveis de intervenção. Três desses níveis referem-se exclusivamente ao desenvolvimento humano, cuja finalidade é alcançar a auto-realização espiritual ou um estado de aproximação eterna à Força Divina Universal (Deus, Brahman, ou outros nomes que ajudem a nossa mente a abarcar o amplo conceito de “divindade suprema”, sem início e sem fim). Esses três níveis tratam das Leis da Manifestação Material, das Leis da Interiorização e das Leis da Síntese ou Yoga. O quarto nível ou Bhagavad Dharma, a que o autor se refere, nos explica como a Divindade “reage” ante nosso esforço de aproximação a Ela. Nesse nível encontramos a explicação do processo metódico exercido sobre o Cosmos pela Consciência Divina Universal (Ishwara). Essa atuação é processada através da intermediação dos Hierarcas da Raça, a quem foi designada essa função. Como o Ishwara está entronizado no coração de todos os seres aqui encarnados como “humanos”, nossa conexão com essa “rede” é permanente. Ora, obviamente é exatamente no Bhagavad Dharma que estão incluídas as Leis que governam as Encarnações Divinas ou Avatares.
Na tradução do Srimad Bhagavad Gita para o português temos como Capítulo III “O Avatara Dharma Gita” e como Capítulo II “Nara Narayana Dharma Gita” e como Capítulo IV “Adhikara Dharma Gita”. No Capítulo II, o Senhor, como Revelador da Verdade, fala sobre sua quádrupla manifestação no processo samsárico mundial e declara sua completa Soberania, por meio de sua Onipresença, no sloka 13 “...Por Mim estes quatro Aspectos formam um Todo; em Mim todos Eles permanecem; Eu Sou a Semente de Todo o Universo; Sou o Onisciente”. Neste capítulo Ele fala também da íntima relação entre o Adorador e o Adorado, referindo-se àqueles que possuem discernimento espiritual e executam sua ação de forma desinteressada e com o coração cheio de devoção, preparando desse modo o “buscador” para falar-lhe sobre a natureza dos Avatares ou Encarnações Divinas, assunto que é abordado no Capítulo III do Gita. No capítulo terceiro, Ele esclarece sobre os Avatares como Doadores de Graça e sobre os homens carentes de discernimento átmico que, ao adorar a forma humana de Suas aparições como Avatar, não reconhecem nestes Seu supremo estado Transcendental (como Paramatma). Fala também do tipo de Avatar que vem como um Siddha para propagação do Dharma (Sloka 13) e daqueles nos quais o próprio Senhor Se manifesta em forma perfeita no aspecto humano, para transmutar a injustiça (Adharma) em justiça (Dharma). E finaliza declarando que o Conhecimento Correto do Mistério dos Avatares Conduz à Comunhão com o Eterno (Bem aventurança ou Prapti).
Notas complementares sobre o tema desse artigo: Siddhavatar é pois um tipo de Avatar que vem ao planeta como expositor ou transmissor de Gnana, termo aqui usado com o significado de Ciência ou Novo Conhecimento ou Novo Dharma, e que expõe ao Mundo novas equações de funcionamento que compõem o Saber Universal como um todo. Cada Siddhavatar vem com uma específica gama de conhecimento, adequada à transição planetária pela qual o mundo estiver passando e dispensam aquelas fórmulas de funcionamento que já podem e devem ser tornadas de domínio público para acionar a humanidade da Terra a um patamar mais elevado na espiral evolutiva. Pela sua específica missão, este tipo de Avatar vem sobre a forma de um Siddha. Entendemos ou traduzimos o termo Siddha como um Adepto ou Santo, ou seja, um ser humano que alcançou uma elevadíssima condição por ter atingido, por seus esforços, um alto grau de perfeição, saber e santidade. É portanto uma “Encarnação Divina” e materializa-se no planeta como manifestação de um Raio ou Chispa descenço do próprio Senhor Narayana e para a Glória do Senhor.
Nessa classificação os Avatares são dispostos em cinco grupos, conforme o modo e a intensidade com que Bhagavan Narayana neles se manifeste.
Na literatura Suddha, Maya (ou Yoga Devi, ou Brahma Shakti), tem o significado de “Energia Divina” ou “Pura Energia” ou ainda “Shakti” ou “Poder/Potência”. Ela é a conexão entre “Espírito” e “Matéria”. Shakti é, portanto, a Energia Potenciadora, a energia consciente de Brahman que promove o funcionamento do Princípio Vital (Atma ou Ser Individual) na Prakriti (matéria primordial). A Shakti apresenta-se em três aspectos:
a) O aspecto criativo ou Devi-Shakti.
b) O aspecto funcional ou Isha-Shakti, também conhecido como Kalyana Shakti.
c) O aspecto de consumação ou gunamay-shakti que se subdivide em Kriya-Shakti (resulta na ação externa), Isha-Shakti (causa as vibrações emocionais da mente), e gnana-shakti (conduz a transmutação ao nível do intelecto superior).
Os aspectos “a” e “b” correspondem ao que denomina-se Yoga Shakti e conduzem à Síntese ou Yoga através do “despertar do senso de unicidade”, ou seja, ao Estado de Comunhão com Todos os Seres através de “Dhriti”, que é a faculdade de reunir ou sintetizar através da função de discernir. Os Mahatmas utilizam-se para suas manifestações da Devi Shakti, ou seja, do aspecto criativo da Yoga Shakti. A Isha-Shakti (ou aspecto funcional da Shakti de Brahmam) é a energia transmitida exclusivamente pelo Yswhara, que é o Princípio Divino em sua condição Ativa, tanto internamente no homem como no Cosmos. Essa energia é modificada para formatar ou dar forma ao Avatar requerido para cada ocasião, sendo pois a Esha-Maya ou Isha-Maya a potência (ou poder energético) que “faz funcionar” no mundo a Capacidade Sintetizadora utilizada pelos Avatares para os saltos evolutivos planetários.
Ver no Srimad Bhagavad Gita, tradução de Haydée T. Wilmer, os slokas 3 a 22, do Capitulo X, sobre as três gunas (satwa, rajas e tamas).
Daivi-Shakti ou Energia Divina é a energia utilizada pelo Paramatma para realização dos propósitos cósmicos.
Gunamayi é uma das manifestações Energia Divina ou Daivi-Shakti. Ela é manifestada da Energia Divina que é usada para o funcionamento do ser humano encarnado no nosso planeta. Esta energia (Gunamayi) torna o ser humano escravo das trigunas (satwa, rajas e tamas), colocando-o preso a uma destas três tendências (trigunas). Assim o homem pode viver (funcionar no mundo) escravo de suas paixões e de sua natureza inferior ou embevecido com sua devoção ao Eu Superior, mas só se libertará das influências positivas ou negativas de Gunamayi através da Síntese entre estas três tendências.
Esha Shakti ou Kalyani-Shakti, é uma das manifestações da Yoga Shakti ou Brahma Shakti (a energia do Senhor). É através dela que a Divindade manifesta a Si mesma no planeta ao retornar encarnado com Kalyani-Prakriti ou Matéria de Glória, uma vez que Esha funciona no Plano Avyakta (plano da matéria indiferenciada e gloriosa). Esha é portanto a Energia ou Força utilizada pelo Paramatma para o advento dos Avatares no planeta.
Kalyani-Prakriti significa matéria sutil e gloriosa, matéria resplandecente. É um tipo de Matéria que quando acionada ou movimentada por Esha ou Kalyani-Shakti origina o advento dos Avatares. Ou melhor explicando, forma seus veículos corporais e portanto manifesta-os com “forma” para sua apresentação no Mundo e para sua atuação ou intervenção na história planetária.
O termo “Poderosas” aqui foi usada pelo autor com seu significado quântico, e significa que estas partículas (de Esha) contém uma maior e mais efetiva força ou energia de transmutação.
Lembramos que Esha é uma Energia que funciona no mais elevado Plano de funcionamento do Ser Humano, que é o Plano da Matéria Indiferenciada e que está além das emoções, da intuição e mesmo da razão pura, enquanto que gunamayi é uma energia ou força motriz, muito mais densa que funciona no nível dos sentidos e do corpo físico.
Sobre os Rekhas ou Raios o autor sugere entre parênteses, consultar a edição em inglês do Sanátana Dharma Dipika, pág. 463.
Essas duas forças são Daiva, a natureza superior e divina no homem e Asura a sua natureza inferior ou demoníaca. A força Daiva eleva o ser humano ruma à sua Libertação. Nos capítulos V e VIII do Srimad Bhagavad Gita, versão do Suddha Dharma Mandalam esta relacionada a composição de Daiva, que são oito qualidades do Atma e 26 qualidades superiores. A força asúrica impele o homem à escravidão da matéria e suas características estão descritas no Cap. VIII, slokas 8 a 19, Gita do Suddha Dharma Mandalam.
Sobre estas duas forças e o domínio das forças asúricas ler o artigo “Dharma em perigo”, de Sri Janárdanam, publicado na Revista Ecos da Síntese, de fevereiro de 2005.
Paramatma é a Alma Suprema do Universo, é o Ser Supremo que assume infinitas formas, em todos os planos (Tudo é Deus). Ele é a Origem e o Sustentador de todo o Cosmos.
Sat-Chit Ananda Sat refere-se ao aspecto Nirguna (ou sem forma) da Divindade. É a Essência que É. É a Suprema e Única Realidade expressando-se em Chit (matéria mental da intelecção, da razão, do pensamento) no estado de ananda (de glória, de bem-aventurança).
Brahm e Parabrahm - Brahm é o Imanifestado e Absoluto, é o Princípio Criador de todo o Universo, é o aspecto Criador na Trindade Divina. Os dois termos são sinônimos e significam a Suprema Divindade. O sufixo “Para” reforça esta “superioridade”, o “estar acima de...”.
Esta projeção do Cosmos ou Prakriti é a matéria primordial indiferenciada ou seja, a materialização do Plano Divino ou a manifestação material do Cosmos.
As Leis que governam o Cosmos ou Dharma são as leis Eternas e Imutáveis que regem Todo o Cosmos, e que é acionado pela Shakti ou Energia Potenciadora da Criação - ou pelo Poder.
Avesha Avatara – é quando Sri Narayana, Ele mesmo, chefe da Hierarquia e para isto designado, nasce neste mundo. Em determinado momento o poder de Narayana flui por este Avatar, sendo Krishna o Mahavatar de Narayana.
Ler no terceiro artigo desse livro a explicação sobre vestidura dévica suplicada pelo Siddha Rimkhana (por suas austeridades ou “tapas”).

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